terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A crônica das asas

Nascera um pássaro. Belo ninho. Grande ninho. Um ninho melhor do que os ninhos vizinhos.
Crescera o pássaro. Boa comida. Ficara forte. Mais forte do que os passarinhos dos ninhos vizinhos.
Decidira voar. Bela ideia. Grande ideia. Uma ideia tão audaciosa como a dos passarinhos dos ninhos vizinhos.
Porém à Mãe Passarinha não lhe apetecia nem um pouco tal ideia. Era jovem demais para logo abrir as asas e partir.
Porém ao Pai Passarão a ideia lhe causara a dúvida. Afinal porque impediria a sua própria cria de correr atrás dos seus sonhos?
O pássaro partira. Partira voando e sem dizer adeus. Voara, voara, voara.
O pássaro tinha o desejo de voltar. Voltar só para contar as aventuras que vivera. Os países que conhecera. As tempestades que enfrentara. Os invernos que atravessara. As auroras que assistira. As primaveras que percorrera. Voltaria apenas para contar.
Quando voltara, contara todos os pormenores de sua viagem. A Mãe Passarinha deixara escorrer uma única lágrima. Era lágrima de felicidade. Felicidade de ter a cria, embora já grande, de volta em seu colo. O pai Passarão vibrara com as aventuras. Vibrara como se estivera junto ao pássaro a cada momento. Mas o pássaro partira novamente. Partira porque à ele a vida lhe parecia monótona no ninho. Queria viver voando. As asas abertas e a brisa.
A Mãe Passarinha não tivera escolha. Deixara o pássaro partir.
O Pai Passarão não tivera escolha. Deixara o pássaro partir.
Ele partira a enfrentar para sempre a brisa, as primaveras e tempestades. Sua casa? A sua casa sempre seria o ninho. A sua vida? Sempre seria o horizonte.

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